terça-feira, 25 de outubro de 2011

De Mané para Zé


Quando a fome apertou, você comeu no meu prato;
E hoje me oferece o pão que o diabo amassou.

Teu dedilhar sempre foi bom de ouvir junto ao teu cantar,
A beira do rio, sem fogueira, apenas cachaça e limão para esquentar.
Fiz das tuas as minhas lágrimas,
quando uma e muitas crianças entoaram o seu pensar.

Ta vendo esse rio Zé?
A maré vai e vem...

Zé?
Ta vendo o São José?
Reze para ele não virar para cá.

Olha sumano, muitos foram os planos...
Sábios os que guardaram seu limão, sua cachaça
E seu velho pedaço de pão.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Entre o relâmpago e a tempestade


Em plena tempestade,
você me fez dançar na chuva.
E antes do trovão,
os céus registraram a sua fotografia,
nua,
em pêlo,
em posse da minha mão.
Eu chorei ao gozar,
naturalmente
pela primeira vez
não mais carente...
Tantos pingos de chuva
Tantas gotas de lágrimas dançantes,
na rua...
E um menino contente
Entre o relâmpago e o trovão.

domingo, 9 de outubro de 2011

Pisca vaga-lume - O último poeta - Texto para teatro em construção


Amor, se estar no céu é nuvem
Se estar nas nuvens é brisa
E se é brisa o vento vai levar
O amor depois do céu é estrela
Estrela brilha, brilha vai iluminar, mas um dia vai apagar.
Amor, se desce pra terra
Tem cheiro de mato
Terra molhada
É vaga-lume piscando

- Vejo como piscam os vaga-lumes.

Pisca vaga-lume!
Ilumine o caminho dela
Mostre para onde seguir
Tire essa mocinha das nuvens
Das estrelas
Traga-a de volta pra terra
Para sua casinha de mato
Para sentir novamente o cheiro da chuva e o chão molhado
E saber que o amor é assim de verdade
O vento às vezes leva
O dia em um segundo termina
E os passarinhos nem sempre vão cantar

Pisca vaga-lume, pisca vaga-lume, pisca!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Passarinho


Bateu asas em pleno verão

E foi para o sul

Deixou uma solidão

Fiquei miúdo

Traga-me uma flor no bico passarinho

Não deixe meu coração moído

Eu preciso do teu carinho